Não acho que a falta de vitórias no Brasileiro seja questão de azar como muitos dizem. São ajustes que faltam, mas, percebe-se, estão sendo trabalhados. As limitações técnicas complicam esse esquema, pois requer uma leitura permanente sobre o posicionamento e soluções na base do improviso, ao contrário do jogo de correria, ligação direta, bolas aéreas, que é mais mecânico.
O primeiro ajuste é com relação à compactação. Para quem pretende viver da posse de bola é fundamental que o time esteja agrupado para ter opções de passes seguros e para se proteger em caso de perda da bola. Tem sido muito comum o time se dispersar e abrir um enorme corredor no meio, por onde os adversários se aproveitam do passe errado para contra-atacar. Contra o Internacional e Peñarol, a compactação esteve bem melhor, com exceções: depois dos 3×0 na Sul-Americana e na parte final do primeiro tempo pelo Brasileiro.
Diniz está treinando opções para quando o adversário se recompõe com rapidez: melhorou a velocidade na transição, ao avançar os laterais, alinhar Allan (um pouco mais atrás) com Ganso e Daniel (Ganso recebe e toca de imediato a Daniel, que está um pouco mais a frente) e aproximar Marcos Paulo de Pedro e Yony. Tem sido pouco utilizado o recurso de puxar o adversário para um lado do campo, abrir espaço do outro lado e inverter para a infiltração do lateral.
O posicionamento de Ganso e Daniel é fundamental para a velocidade da transição. Quando este se aproxima demais daquele, embolam e não flui. Essa sincronia é de responsabilidade do Daniel porque o Ganso é quem vai lhe passar.
Outra evolução desde a volta de Pedro é que o 9 tem se revezado com Yony no centro do ataque: se Yony sai da área, o colombiano arranca da intermediária com o objetivo de ultrapassar a última linha numa pequena diagonal; Se o Padro sai, cai pelo lado direito para se juntar a Igor e lançar Yony que passa em velocidade ou volta ao meio-campo para um passe diferenciado.
Precisa trabalhar a concentração do time durante 100% do jogo. Há relaxamento, aparecem espaços e o time toma um gol nos minutos finais. A prioridade na parte final do jogo é manter o adversário no meio-campo, sem brechas para avançar.
O Caio Henrique precisa desenvolver o avanço para dentro da área ou linha de fundo. Ainda toca muito para trás quando está no mano a mano. Contra o Internacional, no primeiro gol, arriscou um drible e se deu bem. O lateral tem velocidade e habilidade, mas precisa de confiança para avançar mais.
Enfim, ainda tem muito pela frente. Como vivemos a era dos extremos, qualquer sequência boa ou ruim se transforma no paraíso ou no caos.